Caro Adan,
Nos relacionamentos humanos, acredito que fidelidade só é viável como opção, nunca como obrigação.
A natureza humana é essencialmente livre, insurgindo-se contra qualquer forma de controle e opressão. Doar muito recebendo pouco ou nada em troca é um atributo divino, de elevada espiritualidade, não humano e carnal.
A busca pelo divino em nós só é possível para quem busca iluminação, auto-conhecimento, depuração de suas imperfeições.
As pessoas estão normalmente em fases muito distintas de procura e aprimoramento.
A natureza humana em si visa ao seu próprio bem, olhando as suas perspectivas, expectativas, necessidades e oportunidades.
Para não se desencantar ou decepcionar com as pessoas, é preciso encará-las como são (muito humanas), não como gostaríamos que elas fossem (muito divinas).
Entendo que neste contexto, fidelidade se conquista, não devendo nunca esperar recebê-la como obrigação moral.
Quem a espera, muitas vezes se decepciona, pois desconsidera que o atendimento das expectativas, necessidades e oportunidades individuais é o que move a moral humana.
Acima da moral humana, somente a moral divina que também reside em nós, em proporções variadas de pessoa a pessoa.
A moral divina considera as expectativas, necessidades e oportunidades das pessoas que amamos, em muito maior medida do que as nossas próprias.
Quando esta moral se manifesta, nos encantamos com as pessoas e sonhamos com um mundo melhor, achando que nem tudo está perdido.
Sem espiritualidade, a fidelidade é impossível, pois a natureza humana é egoísta, mesquinha e aventureira.
Quando há infidelidade também se manifestam por parte da pessoa traída, dois tipos de reação:
Pela tolerância humana, uma traição desencadeia a perda de confiança, decepção, quebra de expectativas, feridas, revolta e mágoa. O resultado será o fim do relacionamento ou do nível de qualidade (reciprocidade) possível de nele ser alcançado.
Pela tolerância divina, o amor que se sente por alguém é incondicional, não se vende, nem se paga, independe do quanto se recebe em troca, nada exige, tudo suporta, tudo perdoa, não perde a esperança, nem diminui o brilho.
Nenhum relacionamento é durável na ausência de espiritualidade pois somos essencialmente humanos, quem não tolera falhas não está preparado para se relacionar, pois cedo se decepcionará.
Encarará a fidelidade como uma obrigação, esquecendo-se que está lidando com um gigante de pés de barro (natureza humana).
A fidelidade é a condição-limite do relacionamento para a natureza humana, mas não o é para a natureza divina que também reside em nós.
Sem espiritualidade não é possível ser feliz nos relacionamentos.